(...) Aceitar a mediocridade como destino nos faz rascunhos do que poderíamos ser se bancássemos nossos desejos e abolíssemos o discurso “a vida é assim mesmo”. Não é, e algo em nós sabe disso e clama por um sentido. Alguns, por pânico do desconhecido, se fingem de mortos até o questionamento passar. Infelizmente, uma hora ele passa. E leva consigo milhares de oportunidades ignoradas, não vividas.
Há pessoas que se contentam com o que suas mãos alcançam. Outras, almas inquietas, trazem em si a urgência visceral de ir além. Sabem que cada momento da busca tem uma razão, principalmente os difíceis (sem dúvida eles existirão). Seguem ao encontro da plenitude, mesmo sem saber se ela é um delírio ou uma conquista pessoal possível. Será esse o quinhão de prazer que nos cabe? Como saber se é melhor ficar com o que quase nos satisfaz ou arriscar conseguir o que realmente se deseja? Como ter certeza de que o prêmio vale o perigo?
Não dá pra ter certeza, o negócio é baseado no risco. E é quando arriscamos topar com a dor que nos tornamos inteiros. Só no instante em que decidirmos viver plenamente é que poderemos, enfim, começar a ser felizes.
Ailin Aleixo é jornalista especializada em gastronomia, tarada por caipirinha e tarte tatin (www.gastrolandia.com.br). Foi colunista da Revista VIP e mantém o blog A Mulher Honesta (mulherhonesta.sites.uol.com.br).